Feminismo: maternidade compulsória, paternidade opcional

13:43

Outras Palavras
Desde quando me aprofundei um pouco mais no movimento feminista, acabei descobrindo outros temas que ele aborda. Um deles é a maternidade, alegando que ela é compulsória. Como amanhã é Dia dos Pais e, nessa semana, a Folha fez questão de passar por mais uma polêmica com relação ao papel do pai na criação dos filhos, achei conveniente trazer este tema para o blog.

A maternidade compulsória consiste no fato de a ela ser imposta às mulheres desde pequenas. Isto se dá de várias maneiras, mas uma das mais evidentes é presentear filhas com bonecas e filhos com carrinhos. Essa diferença nos presentes é um dos meios pelos quais se empurra o ato de ser mãe às meninas.

Além dos presentes, nota-se o tratamento diferenciado da sociedade às mulheres que não querem ter filhos. Alega-se que a mulher só se realiza quando tem filhos, que é papel da mulher tê-los e que toda mulher nasceu para a maternidade. Desta forma, empurra-se, mais uma vez, a maternidade para as mulheres.

O fato de ela ser compulsória contrasta com a paternidade opcional. Aos homens, ter filhos é uma questão de opção: se quiser, lindo! Se não quiser, tudo bem também. Não é atribuído aos homens a obrigação de ter filhos, como ocorre com as mulheres.

Ao dever da mulher de engravidar, parir e criar, aliam-se a pressão social para que ela engravide até uma certa idade, a romantização da maternidade, a cobrança para que as mulheres sejam super-mães e o descaso de homens para com a criação de seus filhos, podendo até rejeitar e abandonar a criança e a mãe. Vamos item por item.

1. Pressão social: já começa na adolescência, com aquelas perguntas de "Você não pensa em ter filhos?" ou "Como assim você não quer ter filhos?!". Já na idade adulta, este tipo de cobrança continua e é acompanhada por uma outra relacionada à idade: passou dos 30, já tem que ter filhos.

2. Romantização da maternidade: não sou mãe, mas o que mais se vê hoje é a sociedade alegando que engravidar é mágico e que a maternidade é linda. Para algumas mulheres, sim, é uma transformação mágica mas, para outras, é um pesadelo. Nas propagandas, mães e filhos interagem muito bem, a mãe tem uma feição que demonstra o quão realizada se sente mas nem sempre é assim que as coisas funcionam. A maternidade é individual e cada mulher a vivencia de uma forma e não se deve impôr padrões a elas com relação a como lidam com ser mãe.

3. A cobrança: a sociedade exige que a mãe seja tudo, inclusive, pai. Exige que ela concilie trabalho fora de casa com faxina, filhos e consigo mesma. Partindo do fato de que a divisão das tarefas dentro da grande maioria das casas não se dá de forma igual entre homem e mulher, conciliar tudo isso fica ainda mais difícil. Impõe-se o padrão de que as mãe devem ser fitness, modernas, sorridentes e plenas, mesmo diante de tudo o que tem que fazer. As mães deveriam poder ser simplesmente mães.

4. O descaso masculino: já virou rotina pais que abandonam seus filhos, que não pagam pensão, que se recusam a exercer o papel de pai. Sobrecarregando ainda mais as mães e aparecendo quando é conveniente, homens por vezes não cuidam tanto dos seus filhos quanto as mães. A paternidade é opcional aos homens a partir do momento em que a sociedade não os condena por não exercerem seu papel de pais e a maternidade é compulsória quando alega que toda mulher deve ter filhos, além de condenar sua conduta para com eles.

Quis fazer esse resumo para tentar ilustrar um pouco sobre este tema, tão comentando no feminismo. Não há problema nenhum em querer ser mãe, em se sentir realizada com isso, mas há problema quando isso é imposto às meninas e mulheres só pelo fato de serem do sexo feminino. Quanto mais a maternidade é romantizada, menos se ouve o que as mulheres tem a dizer sobre ela, menos atenção se dá às mulheres e, com isso, elas perdem a voz sobre um tema de extrema importância.

Espero ter conseguido explicar esse tema de uma forma fácil e compreensível. Acho que já está mais do que na hora de refletirmos seriamente sobre isto.

Nalu

You Might Also Like

0 comentários